Negócios com significado substituindo a meta tradicional
No clássico filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos é retratado de forma cômica, mas bastante realista como, em plena revolução industrial funcionava a jornada de trabalho e as atividades nas fábricas. Comando e controle, tarefas mecanizadas, colaboradores desmotivamos e realizando atividades manuais repetitivas, sendo tratados como engrenagens de uma imensa máquina: o retrato doas organizações laranjas descritas por Frederic Laloux em sua obra Reinventando as Organizações.
Claro que dada as devidas proporções, desde o lançamento do filme na década de 30, já avançamos bastante nos direitos trabalhistas e nas condições e ambiente de trabalho, mas quando falamos em cobrança de produtividade e desempenho a maioria das empresas ainda opera na lógica laranja de lucro a qualquer custo e número em detrimento as pessoas. Onde colaboradores precisam bater cada vez mais metas, independentemente da forma que optar por fazer isto.
Contrapondo esta visão, o que a Sicredi Caminho das Águas está construindo em sua cultura evolutiva é o oposto do que é retratado no filme, na jornada rumo a organização Teal baseada em propósito evolutivo, autogestão e integralidade, os negócios vão muito além do lucro, eles precisam ter significado para o associado, para que assim ele libere o potencial dos seus negócios, torne seu empreendimento sustentável, consiga realizar seus sonhos e construir seu futuro e dormir tranquilo neste processo sabendo que lhe foi oferecido a melhor solução e com as melhores condições possíveis.
Nossos negócios têm significado para a cooperativa que, junto aos nossos associados, pode liberar o potencial da região fortalecendo o círculo virtuoso do cooperativismo e trazendo ainda mais pessoas para o sistema cooperativo financeiro. Realizamos negócios com significado também para que os nossos colaboradores se sintam pertencentes e responsáveis por ajudar na realização de sonhos e projetos e de fazer a diferença na vida de pessoas e comunidades e assim, ter condições de liberar o seu próprio potencial, buscando dar o seu melhor todos os dias.
E este nosso propósito de liberar o potencial das pessoas e dos negócios que orgulhosamente vivemos e buscamos aprimorar constantemente e a visão compartilhada de incluir ainda mais pessoas no sistema cooperativo financeiro vai totalmente ao encontro de organizações teal, onde tudo – diferente das empresas laranjas e suas engrenagens- funciona como um organismo vivo, que se autorregula, onde cada um tem uma função específica que impacta o todo e pode expandir, se alterar e evoluir.
No ano de 2022 nossa cooperativa deu um passo importante para traduzir todos estes conceitos em algo tangível. Uma mudança que verdadeiramente reflita o porquê que fazemos o que fazemos. Estamos aprendendo a lidar de outras formas com as nossas metas. Substituímos metas por produtos, rankings e competição pelo melhor número por colocar o associado no centro. Este modelo de desempenho e performance nos trouxe até aqui, somos gratos e cientes de que todo o processo que passamos não foi errado ou em vão, mas sentimos como cooperativa que opera como organismo vivo (e não como máquina) e que tem a capacidade intrínseca de responder ao ambiente de que era hora de mudar, pois a meta que até então era nossa forma de fazer as coisas darem certo, estava nos limitando.
Metas sempre existiram e sempre existirão, as pessoas na sua essência necessitam enxergar um farol para guiá-los até a praia, e no que diz respeito ao ambiente corporativo financeiro, isto fica ainda mais evidente, pois afinal, números e valores monetários são, essencialmente, o cerne de nossos negócios. Mas então que história é esta de mexer na meta?
Acontece que com a nossa evolução no modelo de gestão percebemos que algumas incoerências estavam travando o processo de liberação de potencial dos nossos colaboradores e, por consequência, dos nossos associados, comunidades e região. Alcançar o número, apenas pelo número não fazia mais sentido no nosso ambiente, pois ampliamos a nossa consciência e percebemos que com cada um dando o seu melhor e evoluindo em sua própria jornada poderíamos ir muito mais longe do que na busca incessante pela meta.
Substituímos a meta preestabelecida, pelo interesse genuíno e no foco em encontrar a melhor solução para o associado. Nossas metas antigas agora são apenas norteadores que sinalizam a direção que devemos caminhar, mas não o fim da estrada, pelo contrário, a cada passo descobrimos que esta estrada tem muitas bifurcações e caminhos diferentes a serem desbravados. Desta forma, nossos colaboradores, sem as amarras de precisar focar em um produto específico, se voltam exclusivamente para o associado. E é assim que fazemos as coisas por aqui, negócios com significado substituindo a meta tradicional, deixando a obra de Charles Chaplin apenas como uma ficção que retrata tempos remotos e nos focando em evoluir ainda mais na jornada Teal. Agora medidos nossa evolução na jornada através da margem de contribuição, principalidade e ISA, mas isto é assunto para um outro texto.
TEXTO: Thamires Rosa
Intérprete da Cultura
DATA: 25 de maio de 2022
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